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EDUCAÇÃO FINANCEIRA: POR QUE NÃO A TEMOS?

Esse é um assunto sério, pesado, e que vai demandar um texto um pouco maior para que possamos entender o básico: como chegamos até aqui nessa condição?

Dizer que o brasileiro é renitente, não lê, não se informa, não estuda, é repetir bordões antigos. Essa característica do nosso povo é que fez os bancos estudarem nosso comportamento e ajustarem produtos para que passássemos a, literalmente em alguns casos, trabalhar para eles, bancos. O resultado está aí: 40,4% dos brasileiros adultos estavam “negativados” em novembro de 2022, o equivalente a 65,5 milhões de CPFs, segundo dados do SPC Brasil. Estar negativado é diferente de estar inadimplente: estes possuem dívidas com atraso de até 90 dias e, segundo estimativas, representariam mais de 76 milhões de pessoas. Já os negativados foram os que tiveram seu nome inscrito nos serviços de proteção ao crédito.

A despeito da informação de que há uma maior regulação bancária além de fiscalização mais eficiente, juros e tarifas cobrados dos clientes não param de subir. Eu mesmo tenho dois cartões de crédito: um deles de um dos cinco grandes bancos comerciais, e outro de uma fintech. O primeiro informa que cobra 345,87% ao ano no parcelamento da fatura. Já o outro aplica inacreditáveis 503,15% ao ano no rotativo da fatura. Num país em que os juros básicos anuais estão em 13,75% e a inflação declarada nos últimos 12 meses é de 5,79%, eu pergunto: de onde os bancos tiraram essas taxas? Qual a explicação para cobrar mais de 36 vezes a taxa Selic? Onde está o Banco Central que tudo vê e nada faz?

A verdade é que houve uma escalada de decisões, de ambos os lados, para chegarmos ao impasse dos números atuais. Num primeiro momento foi disponibilizado crédito – das mais diversas formas – a uma população que simplesmente não entende como isso funciona. Experimente perguntar a qualquer pessoa o que são juros compostos. Dificilmente você obterá uma resposta razoável. Mas veio a liberação do crédito, primeiro nas agências bancárias. Era a época que você precisava se deslocar até o banco, falar com o gerente, sentir vergonha de dizer que precisava do dinheiro para isso ou aquilo. O contexto evoluiu e surgiu o cartão de crédito. Agora você já tinha um limite pré-aprovado e não precisava mais dar satisfações a ninguém sobre o que iria comprar. Chega de ir ao banco solicitar pequenos empréstimos: na necessidade, era só usar o limite pré-aprovado no cartão. Mais um tempo e os bancos trataram de novamente adoçar a boca do consumista: saque em espécie, no terminal, sem falar com ninguém. Já se podia ter dinheiro no bolso ao invés de ficar passando cartão. Bem mais prático. Enquanto isso, uma população que não entende nada do assunto se afundava em dívidas que não conseguia pagar. Foi essa progressão que nos fez chegar à situação de hoje.

Somos uma sociedade que se firmou na competição com o outro. E pior: uma competição que não te leva a nada. É preciso ter um carro melhor que o vizinho; fazer uma viagem mais cara que a do cunhado; usar roupas de grife. Tudo para se mostrar melhor, maior, mais ‘rico’. Porém, tudo baseado em alavancagem de crédito. A sociedade brasileira é visual: um profissional que aparece com um carro nacional é considerado “de menos sucesso” que outro que chega com um carrão importado, mas totalmente financiado. Mesmo que o primeiro seja mais competente e tenha mais conhecimento e cultura. De onde tiramos isso eu não sei.   

O Brasil é um país onde os salários quase nunca são corrigidos adequadamente, gerando defasagem na capacidade de compra das pessoas. Uma sociedade que adquire consumo com crédito: abastecemos o carro em 3 vezes, jantamos com a família e parcelamos em quatro vezes. Isso é comum por aqui, mas um golpe de morte nas finanças familiares. Somos uma nação onde os índices de inflação não refletem o impacto sofrido pelas famílias. Um exemplo? O IPCA, a inflação oficial brasileira, ficou em 5,79% em 2022. O salário-mínimo dos trabalhadores da ativa foi corrigido em 7,42%; o dos aposentados em 5,93%. Por que essa diferença? E a cesta básica de São Paulo, que ficou em 14,6% de aumento quando a inflação informada foi menos de 6%?

O que estamos vendo nesses últimos anos é uma brutal transferência de renda, dos trabalhadores para os bancos. Isso ocorre porque não se proporciona conhecimento adequado à população. Mas a quem interessaria um consumidor consciente, que soubesse como funciona o sistema de cobrança de juros e entendesse o básico sobre o dinheiro que ele pena para ganhar? Seria por isso que ainda não temos educação financeira para todos?

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