Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, alega que recebeu um ‘puxão de orelhas’ porque se referiu a estudos visando acabar com o rotativo do cartão de crédito, uma verdadeira praga para o consumidor desinformado. Esse é o grande problema: quando aparece no Brasil alguém que fale a verdade, logo é escorraçado.
Campos Neto revelou que a instituição está avaliando alternativas para reduzir a inadimplência nas operações com o rotativo. Uma das opções discutidas é extinguir o modelo e criar parcelamento com juros menores, o que pode ser aceito pelos bancos, segundo discussões nos bastidores.
Para basear sua informação, o jornal Valor Econômico publicou matéria mostrando as taxas máximas e mínimas cobradas pelas instituições financeiras para essa modalidade de crédito. Aqui cabem dois comentários:
1º – É elementar que bancos que cobrem taxas absurdas, sem serem incomodados por qualquer tipo de fiscalização, se sintam desconfortáveis com o comentário de Campos Neto;
2º – Qual a explicação de quem cobra quase 1.000% ao ano de juros, se exsite no mesmo mercado banco cobrando 7,79% ao ano pelo mesmo produto?
Os juros rotativos do cartão de crédito têm as maiores taxas do mercado e são um dos grandes responsáveis pelo superendividamento no Brasil. Fixada pelas instituições financeiras, em junho, a média praticada foi de 440% ao ano, patamar que equivale a uma taxa de 15% ao mês.