Os primeiros cartões de crédito surgiram em Fresno, California, em setembro de 1958. Eram emitidos pelo Bank Americard e 60 mil habitantes receberam, via correio, um pequeno retângulo de plástico que continha um ‘crédito’ de US$ 500 à época (algo como US$ 4,500 hoje). Os cartões de crédito liberaram os consumidores para gastar como nunca tinham feito antes. O resultado, claro, foi um grande fracasso. Em função da inadimplência, nos primeiros anos o banco perdeu cerca de US$ 15 milhões. Hoje, essa indústria vale US$ 2,4 trilhões.
Quatro em cada dez americanos devem para o cartão de crédito. Um em cada dez não vai conseguir pagar.
A palavra “crédito” significa empréstimo. Do latim credere (confiança).
O score de crédito está firmemente calcado no comportamento do consumidor com relação ao cartão de crédito. Há os clientes que pagam a fatura no vencimento, e há aqueles que rolam o valor a pagar. Nos Estados Unidos, 40% pagam à vista, 40% pagam no rotativo, e 20% não possuem cartão de crédito.
Entre as administradoras de cartão, quem paga à vista é chamado de “parasita”. Isso porque os bancos e as administradoras alegam que “não ganham nada com esse tipo de cliente”. Se você paga sua fatura à vista, a administradora não ganha dinheiro com você.
As administradoras não querem saber do sujeito paga sua fatura em dia, nem tampouco daquele que não paga nunca a fatura. Mas é entre esses dois extremos que mora o tipo ideal de ‘cliente’: aquele que rola a dívida e paga juros por isso.
Em 2019, nos Estados Unidos, cerca de US$ 121 bilhões foram embolsados pelas administradoras de cartão somente a título de juros cobrados.
O modelo de negócios que as administradoras adotam para os clientes com baixa pontuação é chamado de “crédito aos poucos”. Inicia com um limite baixo, e vai aumentando à medida que você usa mais o cartão. Isso não é oferecido porque entendem que você não representa risco: eles fazem porque sabem que, dali a pouco, a pessoa vai se complicar e não pagar a totalidade da fatura, o que vai gerar uma operação de crédito adicional para liquidar a dívida. É aí que elas ganham dinheiro.
Hoje já existem pesquisas sobre o que se convencionou chamar de “dor de pagar”: formas diferentes de pagamento podem ser mais ou menos doloridas psicologicamente. Um estudo descobriu que as áreas do cérebro associadas à dor e ao medo eram mais ativadas quando se observava alguém pagando em dinheiro do que alguém pagando com cartão.
Quase metade dos consumidores brasileiros têm quatro ou mais cartões de crédito. Para se ter noção do poder desse setor, os cartões movimentarão mais de R$ 3 trilhões em 2022 e representarão 60% do consumo no Brasil.
O Brasil fechou o ano de 2020 com 134 milhões de cartões de crédito ativos, 167 milhões de cartões de débito e 23,7 milhões de cartões pré-pagos. Os dados são do Banco Central do Brasil.